Ética - Uma questão de princípios?
Parte I:
Princípios e principialismo
Centre for Medical Education, Queen’s University, Belfast
Tradução espontânea para distribuição sem fins lucrativos do artigo
Ethics – A matter of principle?
Pode ver em formato PDF no LinkedIn AQUI
Resumo - A discussão de temas bioéticos utilizando a abordagem dos quatro princípios proposta por Beauchamp e Childress é atualmente uma prática corrente no Reino Unido. O presente artigo começa por documentar a história do principialismo antes de analisar o seu impacto e rever algumas críticas à sua abordagem. Um artigo futuro examinará mais aprofundadamente algumas das dificuldades filosóficas decorrentes do principialismo.
A omnipresença do principialismo
Quando
se analisa a ética médica no Reino Unido, é difícil evitar a abordagem dos 4
princípios defendida por Beauchamp e Childress. Os Princípios de Ética
Biomédica de Beauchamp e Childress, publicados pela primeira vez em 1979 e
atualmente na sua oitava edição, continuam a ser um dos manuais de ética mais
influentes no mundo anglófono.1 Os quatro princípios éticos
propostos são a beneficência, a não-maleficência, a autonomia e a justiça.
Defende-se que estes princípios fazem a mediação entre a teoria moral de alto
nível e a moralidade comum de baixo nível, proporcionando um quadro de trabalho
para analisar as questões éticas. A sua influência tem sido global. A
abordagem, também conhecida como principialismo, pode ser encontrada em manuais
populares de medicina geral, como o Clinical Medicine de Kumar e Clark.2
É o quadro sugerido pela Clinical Ethics Network do Reino Unido para os
comités de ética clínica dos hospitais e organismos acreditados utilizarem na
avaliação prática de questões éticas.3 É mesmo recomendada
para os estudantes que pretendem estudar medicina na sua preparação para as
entrevistas nas escolas de medicina.4
Parece que estes princípios são agora
aceites como autoevidentes, não necessitando de qualquer outra justificação e como
suficientes – não é necessário considerar outros princípios. Mas de onde veio a
abordagem dos 4 princípios? Como é que estes princípios foram selecionados e
outros, como a santidade da vida, foram excluídos? Quem são Beauchamp e
Childress?
Origens
do principialismo
Este
artigo analisará as origens do principialismo, tal como descrito por John H
Evans5, e considerará alguns dos pontos fortes e fracos desta
abordagem. Dado o profundo impacto e influência do principialismo no debate
bioético contemporâneo, as implicações filosóficas e éticas do principialismo
merecerão uma análise mais pormenorizada e serão tratadas num documento
separado. Evans começa a sua história na década de 1950, numa altura em que
crescia a preocupação entre a comunidade científica relativamente ao potencial
de aplicação dos avanços científicos à prática da eugenia. A ideia de eugenia é,
evidentemente, muito mais antiga. A palavra foi cunhada por Francis Galton em
1883 e G.K. Chesterton classificava-a como um mal em 1922.6 O
que era novo era o rápido avanço da ciência. Watson e Crick tinham determinado
a estrutura do ADN em 1953. A esperança de novas descobertas suscitou debates
sobre a condição genética da população, acabando por conduzir à perspetiva da
engenharia genética humana (EGH). Evans considera que se tratou de uma época em
que a comunidade científica «tentava alargar a sua jurisdição para lá da
descoberta de factos sobre a natureza, assumindo um papel mais ativo nos
assuntos públicos. Estes geneticistas faziam parte de uma comunidade mais vasta
de cientistas que tentavam encontrar o significado e o objetivo da existência
humana na evolução e na biologia, para criar uma base “científica” secular
sobre a qual reestabelecer o nosso sistema de ética... Se os seres humanos já
não podiam olhar para fora da natureza em busca de propósito e direção – como a
maioria das teologias tinha feito – o fundamento da ética devia ser encontrado
nos factos “objetivos” da evolução... A sociedade já não podia usar uma
religião tradicional desacreditada como base: era necessária uma nova religião
científica baseada no ser humano para salvar a sociedade.»5,6
Este exagero ético da comunidade científica não ficou sem contestação por
parte de filósofos e teólogos. Uma das principais diferenças de perspetiva
entre os teólogos e os cientistas era a importância dada aos meios em oposição
aos fins; em concreto, os fins para os quais a EGH seria utilizada. Em suma,
muitos filósofos e teólogos defendiam que, se os meios são inconsistentes com
os fins da sociedade, então não devem ser utilizados. Esta diferença levou a
outros desacordos entre os dois grupos, incluindo desacordos quanto à forma
como o debate deveria ser construído. Em resumo, a comunidade científica
preferia um debate formalmente racional, em que a tónica era colocada na
melhor forma de atingir os fins (objetivos) acordados ou assumidos, ao passo que
os teólogos e os filósofos procuravam um debate substancialmente racional, em
que a adequação dos fins fosse incluída nas discussões. O debate formalmente
racional pode ser descrito como ‘superficial’ e o debate substancialmente
racional como ‘profundo’. A questão do debate formal ou substancial será
objeto de uma análise mais aprofundada no segundo artigo.
Um
momento-chave desta história foi a criação, nos Estados Unidos da América, da National
Commission for the Protection of Human Subjects of Biomedical and Behavioral
Research. A comissão reuniu-se no Centro de Conferências de Belmont, em
Elkridge, Maryland, de 1974 a 1978, e publicou o seu relatório, Ethical
Principles and Guidelines for the Protection of Human Subjects of Research,
em 1979.7 [NT: ver uma tradução portuguesa do Relatório
Belmont AQUI]
Este
relatório pode ser visto como o precursor imediato da abordagem dos 4
princípios. A comissão tinha sido criada para analisar a questão da ética na
investigação médica quando houvesse seres humanos envolvidos. A comissão
propôs que certos princípios básicos fossem fundamentais. Eram eles:
· Respeito
pelas pessoas - definido como o imperativo de reconhecer a autonomia e o imperativo
de proteger as pessoas com autonomia reduzida.
· Beneficência
- definida como a obrigação de não prejudicar e de maximizar os possíveis benefícios
e minimizar os possíveis danos.
· Justiça
- «no sentido de ‘equidade na distribuição’ ou de ‘o que é devido’».
Um
dos membros da comissão era o filósofo e especialista em ética Tom Beauchamp.
Nessa altura, ele e James Childress, licenciado pela Yale Divinity School e
especialista em ética teológica, faziam parte do corpo docente do recém-criado Kennedy
Institute of Ethics da Universidade de Georgetown. Enquanto Beauchamp
trabalhava no Relatório Belmont, estava também a escrever a primeira edição de Principles
of Biomedical Ethics com Childress. No que se refere ao Relatório Belmont,
Beauchamp recorda: «Esta redação foi feita exatamente na mesma altura em que
Jim e eu estávamos a redigir os Princípios, e a redação de um influenciaria
profundamente a redação do outro nas áreas da ética da investigação e dos
princípios gerais».8 É de notar que o coautor de Beauchamp,
James Childress, lembra a confusão entre os três princípios do Relatório Belmont
e os quatro princípios apresentados nos Princípios de Ética Biomédica9
, mas isso parece ser só uma parte da história.
A utilização de princípios orientadores na
ética não é nova. No seu livro The Right and the Good, o filósofo W.D.
Ross propôs uma série de princípios éticos que designou por ‘princípios éticos autoevidentes’.
Eram: respeito pelas pessoas (incluindo o próprio), fidelidade e honestidade,
justiça, reparação, beneficência e não-maleficência.10 Embora
possa haver alguma sobreposição entre os princípios autoevidentes de Ross e os
propostos pelo Relatório Belmont, há uma diferença em termos da forma como são concebidos
e como são aplicados. Beauchamp descreve o pensamento subjacente à elaboração
da sua abordagem. Ele e Childress citam o que designam por ‘teoria da
moralidade comum’, que consiste em normas morais gerais que se aplicam a toda
a vida.11
Princípios
alternativos
Outros bioeticistas propuseram os seus
próprios princípios. H. Tristram Engelhardt Jr. propôs que os princípios da
permissão e da beneficência eram suficientes (neste caso, a permissão para o
médico atuar substitui a autonomia).12 Engelhardt reconhece
os desafios da bioética numa sociedade moralmente heterogénea e admite a sua
própria perspetiva religiosa, que dá forma aos seus princípios. Na sua obra Clinical
Ethics: A Practical Approach to Ethical Decisions in Clinical Medicine,
Jonsen, Seigler e Winslade sugerem a existência de quatro tópicos-chave a
considerar nas questões éticas: indicações médicas, preferências dos doentes,
qualidade de vida e características contextuais.13 Embora
haja relativamente pouca literatura sobre este método, considera-se que tem
algumas vantagens sobre o método de Beauchamp e Childress em termos de aplicabilidade
clínica.14 Influenciado tanto por Ross como por Beauchamp e
Childress, Robert Veatch também propôs o seu próprio conjunto de princípios:
beneficência, não-maleficência, fidelidade, autonomia, honestidade
(veracidade) e evitar matar.15 Os quatro princípios de
Beauchamp e Childress podem também ser comparados com os identificados pelo
projeto europeu BIOMED II relativamente aos Basic Ethical Principles in
European Bioethics and Biolaw – autonomia, dignidade, integridade e
vulnerabilidade. De notar que a dignidade inclui a ‘inviolabilidade da vida’ e
restrições às ‘intervenções em seres humanos em situações tabu’.16
Princípios
e moralidade
Beauchamp e Childress negam que o conjunto
de quatro princípios constitua o conjunto completo de normas universais da
moralidade comum. Pelo contrário, foram selecionados do conjunto mais vasto de
princípios da moralidade comum com o objetivo de construir um quadro normativo
para a ética biomédica. A moralidade comum é composta por princípios,
juntamente com regras, virtudes, ideais e direitos, e todos eles são
necessários para uma perspetiva moral plenamente formada. Um ponto importante a
salientar é que «nenhum dos princípios é moralmente valorizado ou colocado numa
ordem hierárquica de importância», pelo que «as questões de peso e prioridade
devem ser avaliadas em contextos específicos». 17 Beauchamp
resiste à crítica de que o principialismo é apenas um método e não uma teoria
concetualmente formada. No entanto, funciona claramente como um método e o
próprio Beauchamp descreve-o como tal noutro lugar.17 Apesar
do apelo à moralidade comum, noutro ponto afirma: «Não parto do princípio de
que a bioética está integralmente ligada à teoria ética filosófica. De facto,
assumo que a ligação é contingente e frágil. Muitas pessoas no direito, na
ética teológica, na teoria política, nas ciências sociais e comportamentais e
nas profissões da saúde abordam cuidadosamente as questões principais da
bioética sem pensarem que a teoria ética é essencial ou deveras atraente».18
Refere as dificuldades colocadas pela «falta de autoridade distintiva por
detrás de qualquer estrutura ou metodologia, o carácter pouco apelativo e
temível de muitas teorias, a natureza indeterminada das normas gerais de todos
os tipos», opinando que «os filósofos morais não convenceram o público
interdisciplinar da bioética, ou mesmo a si próprios, de que a teoria da ética
é fundamental para o campo e determinante na prática». Conclui com as suas
dúvidas sobre «se a teoria ética tem um papel significativo na bioética».
Impacto
do principialismo
Como
é que outros consideram o impacto do principialismo no debate bioético? O
influente especialista britânico em ética médica Raanan Gillon, professor
emérito de ética médica no Imperial College de Londres e antigo editor
do Journal of Medical Ethics, é um forte defensor do principialismo.
Afirma que «a ética precisa de princípios – quatro podem abarcar o resto». Além
disso, considera que o respeito pela autonomia deve ser ‘o primeiro entre
iguais’. Gillon vê os princípios como um meio de evitar o que considera ‘dois
perigos opostos’ – são eles o relativismo moral e o imperialismo moral.
19 Quem defende que existem de facto alguns absolutos morais achará
isto preocupante. No entanto, é difícil perceber como é que um profissional que
siga os quatro princípios sem uma base mais sólida de crença pode evitar o
relativismo moral. Num artigo posterior, Gillon reconhece que «a abordagem não
permite métodos universalizáveis nem para resolver esses dilemas morais
resultantes do conflito entre os princípios ou os seus derivados, nem métodos
universalizáveis para resolver desacordos sobre o âmbito desses princípios».20
Outra defensora do principialismo é Ruth
Macklin, distinta professora universitária emérita do Albert Einstein
College of Medicine, em Nova Iorque.21 Num artigo
publicado no Journal of Medical Ethics, contrasta a utilização do
principialismo com a abordagem mais intuitiva descrita por Leon Kass como a ‘Wisdom
of Repugnance’22, rejeitando esta última simplesmente com
um ‘yuk’ 23 [NT: reação emocional intensa de nojo].
Macklin também apoia a afirmação de Beauchamp e Childress de que os princípios
se baseiam numa ‘moralidade universal’ que é distinta e superior a qualquer ‘moralidade
específica da comunidade’.
Objeções
ao principialismo
Embora
o principialismo tenha sido amplamente adotado como norma e tenha muitos
defensores influentes, nem todos apoiam a sua abordagem. Richard Huxtable, professor
de Ética Médica na Universidade de Bristol, no Reino Unido, destaca quatro
críticas ao principialismo.24 Em primeiro lugar, observa que
os quatro princípios podem ser vistos como estabelecendo uma posição que é não
apenas ocidental, mas de facto anglo-americana. (Este aspeto será abordado em
profundidade num próximo artigo.) A segunda crítica apontada por Huxtable é
que os princípios são inaplicáveis em certos casos, por exemplo, quando o
doente não tem autonomia. A terceira objeção é que são inconsistentes, apresentando
como exemplo o conflito entre autonomia, beneficência, não-maleficência e
justiça quando se considera o pedido, por um doente, de ajuda médica para
morrer. Por último, podem ser vistos como um quadro inadequado para resolver
dificuldades éticas, uma vez que não podem ajudar a resolver questões como a
morte ajudada, tal como referido anteriormente. Além disso, são «incapazes de
detetar erros e inconsistências na argumentação». Huxtable conclui este artigo
reconhecendo que «poder-se-ia ver os princípios como oferecendo um quadro e uma
linguagem através dos quais pontos de vista contraditórios podem ser expressos
e explorados e, em seguida, o consenso ou, pelo menos, o compromisso pode ser
alcançado». No entanto, há que compreender que o principialismo «permite apenas
um ponto de partida e não um ponto de chegada da deliberação moral». John
Harris concorda com Huxtable, observando que «embora os princípios constituam
uma ‘lista de verificação’ útil, também ‘permitem uma enorme margem de
interpretação e não são excelentes como meio de detetar erros e inconsistências
na argumentação».25
Outros
encontram problemas mais substanciais no principialismo. Green nota um «evitar
quase deliberado de um envolvimento profundo com questões teóricas básicas na
teoria ética».26 Isto inclui um ‘varrer para debaixo do
tapete’ os potenciais conflitos entre aqueles que defendem uma posição
utilitarista e aqueles que favorecem uma abordagem deontológica. Clouser e Gert
também consideram que o principialismo é insuficiente. «Na melhor das
hipóteses, os ‘princípios’ funcionam essencialmente como listas de controlo que
nomeiam questões que vale a pena recordar quando se considera uma questão
moral biomédica. Na pior das hipóteses, os ‘princípios’ obscurecem e confundem
o raciocínio moral devido à sua incapacidade de serem diretrizes e à utilização
eclética e não sistemática da teoria moral».27 Em vez de
serem uma descrição coerente da moralidade, os princípios, tal como descritos
em Principles of Biomedical Ethics, são meramente «títulos de capítulos
para uma discussão de alguns conceitos que estão superficialmente relacionados
entre si» e, na prática, «funcionam como cabides nos quais se podem pendurar
discussões elaboradas de vários tópicos». Na ausência de uma teoria moral
abrangente e adequada, «os ‘princípios’ são de facto o tribunal de recurso
final».
A
primeira parte deste artigo passou em revista a história do principialismo e
considerou algumas preocupações relativamente à sua aceitação como abordagem
padrão para o debate bioético. Uma preocupação especial tem sido a sua
tendência para conduzir a um debate pouco aprofundado e a uma racionalidade
formal sem uma consideração mais profunda da teoria moral. Esta questão será
tratada com maior profundidade na Parte II. <
Clicar AQUI para ver o artigo
original
REFERÊNCIAS:
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