Resumo
O objetivo do estudo é repensar a ética da maternidade tardia. Na literatura, a gravidez adiada é geralmente discutida no contexto da justiça reprodutiva e em relação a questões éticas associadas à utilização e ao risco das tecnologias de reprodução assistida. O nosso objetivo é ir além destas formas mais “tradicionais” em que a ética reprodutiva é enquadrada, revisitando a própria ética através da lente da figura da chamada mãe “mais velha”. Para o efeito, começamos por explorar alguns dos discursos socioculturais profundamente enraizados no contexto da procriação: o idadismo, o capacitismo e o desvio generalizado para o geneticismo e o pronatalismo. Em seguida, apresentamos um panorama crítico dos principais argumentos a favor ou contra a maternidade tardia. De seguida, discutimos brevemente a forma como o entrincheiramento de ambos os lados produziu um impasse no debate sobre a ética da maternidade tardia e continuamos a argumentar que é fundamental mudar esta narrativa. Para este efeito, revisitaremos a utilização feminista do conceito de vulnerabilidade, que nos permitirá criticar as normas culturalmente prescritas sobre a maternidade e abordar a dolorosa realidade do declínio da fertilidade relacionado com a idade. Na última secção, defendemos que, em vez de definirmos a maternidade “mais velha” como um problema ético, devemos problematizar o facto de o envelhecimento reprodutivo feminino ser um tópico pouco estudado e com poucos recursos. Acreditamos que a afetação de recursos à investigação para melhor compreender o envelhecimento reprodutivo feminino não só é eticamente admissível, como pode até ser eticamente desejável.
Ver o artigo original completo AQUI
Sem comentários:
Enviar um comentário