15 abril 2023

Evolução a longo prazo do suicídio assistido na Suíça


Evolução a longo prazo do suicídio assistido na Suíça: 
análise de uma experiência de 20 anos (1999-2018)
Giacomo Montagna, Christoph Junker, Constanze Elfgen, Andres R. Schneeberger, Uwe Güth

Tradução espontânea do artigo 
publicado em 21/03/2023, Swiss Med Wkly. 2023;153:40010

OBJETIVOS DO ESTUDO: A legalização do suicídio assistido é um dos temas mais debatidos no âmbito da ética médica em todo o mundo. Nos países em que o suicídio assistido não é legal, as dis­cussões públicas sobre a sua aprovação incluem também considerações sobre as consequências a longo prazo que essa legalização traria, como por exemplo, quantas pessoas recorrerão a esta opção, de que condições estariam a sofrer, se haveria diferenças entre o suicídio assistido masculino e feminino e que desenvolvimentos e tendências poderiam ser esperados se houvesse um aumento acentuado de casos de suicídio assistido ao longo do tempo?

MÉTODOS: Para responder a estas questões, apresentamos a evolução do suicídio assistido na Suíça durante um período de 20 anos (1999-2018; 8738 casos), utilizando dados do Serviço Federal de Esta­tística suíço.

RESULTADOS: Durante o período de observação, o número de suicídios assistidos aumentou signifi­cativamente: quando foram analisados quatro períodos de 5 anos (1999-2003, 2004-2008, 2009-2013, 2014-2018), o número de casos de suicídio assistido duplicou em cada período em comparação com o anterior (Χ = 206,7, 270,4 e 897,4; p<0,001). A percentagem de suicídios assistidos entre todas as mor­tes aumentou de 0,2% (1999-2003; n = 582) para 1,5% (2014-2018: n = 4820). A maioria das pessoas que optaram pelo suicídio assistido eram idosas, com aumento da idade ao longo do tempo (idade me­diana em 1999-2003: 74,5 anos vs. 2014-2018: 80 anos) e com predominância de mulheres (57,2% vs. 42,8%). A doença subjacente mais comum ao suicídio assistido foi o cancro (n = 3580, 41,0% de todos os suicídios assistidos). Ao longo do tempo, o suicídio assistido aumentou de forma semelhante para todas as doenças de base; no entanto, a proporção em cada grupo de doenças manteve-se inalterada.

CONCLUSÕES: É uma questão de opinião se o aumento dos casos de suicídio assistido deve ser considerado alarmante ou não. Estes números refletem uma evolução social assinalável, mas ainda não parecem representar um fenómeno de massas.


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