13 outubro 2025

Filosofia na Neurologia

Do Cérebro ao Ser: Reintegrar a
Filosofia na Educação em Neurologia

por Eduardo Boiteux Uchôa Cavalcanti
Clínica Externa de Neurologia, Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação, Brasília, Brasil

Tradução espontânea do resumo do artigo

From Brain to Being: Reintegrating
Philosophy Into Neurology Education

Neurology: Education | Volume 4, Number 3 | September 2025

Vale a pena ler o artigo original: clicar AQUI

Resumo

Os neurologistas enfrentam cada vez mais situações clínicas marcadas por ambiguidade diag­nóstica, complexidade ética e distúrbios que desafiam os conceitos tradicionais de consciên­cia, personalidade e atuação. No entanto, a maioria dos programas de formação em neurolo­gia continua focada no conhecimento biomédico e nas competências procedimentais, ofere­cendo uma preparação limitada para estes aspetos profundos e muitas vezes carregados de moralidade dos cuidados de saúde. Esta lacuna educacional pode comprometer o raciocínio clínico, a sensibilidade ética e a formação de uma identidade profissional reflexiva. Esta análise propõe a integração de três domínios sub-representados, mas essenciais – epistemologia, ética e filosofia da mente  na educação em Neurologia. Guiado pelo modelo de desenvolvi­mento curricular de seis etapas de Kern, o artigo descreve estratégias baseadas em factos e informadas pela teoria para incorporar competências filosóficas na formação pós-graduada. A epistemologia apoia o raciocínio diagnóstico por meio de uma visão metacognitiva, reconhecimento de vieses e tolerância à ambiguidade. A educação ética fortalece o julgamento moral e a comunicação em cenários que envolvem avaliação de capacidade, cuidados de fim de vida e intervenções neurotecnológicas. A filosofia da mente oferece clareza conceptual para a compreensão de distúrbios da consciência, neurodegeneração e alterações da personali­dade. As estratégias curriculares incluem sessões de análise narrativa (narrative debriefings), exames clínicos objetivos estruturados em ética, seminários interdisciplinares e ensino reflexivo à beira do leito, todos os quais podem ser incorporados em estágios clínicos rele­vantes, como em unidades de cuidados intensivos neurológicos (UCI) e em neurologia cognitiva. Os objetivos de aprendizagem estão alinhados com os objetivos do Conselho de Acreditação para Educação Médica de Pós-Graduação e são apoiados por ferramentas de avaliação validadas, incluindo rubricas de escrita reflexiva, avaliações éticas estruturadas e medidas de tolerância à ambiguidade. As barreiras à sua aplicação, incluindo a preparação do corpo docente e as restrições curriculares, são abordadas através do desenvolvimento do corpo docente, modelos de ensino conjunto e integração modular. Ao reformular a Filosofia como uma com­petência clínica, em vez de um enriquecimento teórico, esta análise apresenta uma abordagem pragmática e voltada para o futuro da educação em Neurologia. A incorporação do raciocínio filosófico na formação melhora a precisão do diagnóstico, o compromisso ético e os cuidados centrados no doente. A integração da filosofia na educação em neurologia não é uma vene­ração do passado, mas um complemento voltado para o futuro, proporcionando uma estrutura humanista para orientar o raciocínio clínico e a identidade profissional numa era moldada pela inteligência artificial e pelas neurotecnologias. l

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