Hastings Center Report 54, no. 5 (2024):
3-7
Resumo: Este ensaio
estuda o impacto das escolhas linguísticas na perceção e regulação da morte ajudada,
particularmente no Canadá. Argumenta-se que termos eufemísticos como
“assistência médica na morte” e o seu acrónimo, “MAID” (medical assistance
in death), servem para normalizar a prática, obscurecendo potencialmente a
sua gravidade moral. Isto contrasta com o que se verifica na Bélgica e nos
Países Baixos, onde são utilizados termos como “eutanásia”, bem como em França
e no Reino Unido, onde a terminologia continua a ser polémica e contestada. Ao
traçar a evolução destes termos e o que eles revelam sobre as diferentes
abordagens culturais e jurídicas, este ensaio lança luz sobre a política da
linguagem nos discursos sobre o fim da vida. Sugere que a mudança para uma
linguagem eufemística reflete um desconforto mais amplo com a morte que pode
moldar as atitudes públicas e os quadros jurídicos. Apela a uma abordagem mais
transparente e filosoficamente fundamentada da terminologia e sugere que é
necessário um debate contínuo sobre a semântica para captar as complexidades e
o significado ético da morte ajudada.
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Nota de tradutor: O verbo “to
assist”, em inglês, pode traduzir-se por “assistir” mas tem, neste contexto,
o sentido de “ajudar”. Daí que se pode considerar um falso
cognato a frequente preferência, nos textos portugueses, pela expressão “morte
assistida” ou “suicídio assistido”. Isso tem dado origem a alguma crítica (com
laivos de hipocrisia) ao dizerem que assistir é ficar passivo, quando na
verdade se trata de um uma ação de ajuda médica ao morrer. Contra a corrente
dominante, traduzi sempre “assisted” por “ajudada” ou “ajudado”. RA