27 novembro 2024

Semântica na morte ajudada

Hastings Center Report 54, no. 5 (2024): 3-7

A linguagem é importante: A semântica e a política da “morte ajudada”

Anna M. Elsner, Charlotte E. Frank, Marc Keller, Jordan O. McCullough, Vanessa Rampton

Tradução espontânea do artigo

Language Matters: The Semantics and Politics of “Assisted Dying”

Resumo: Este ensaio estuda o impacto das escolhas linguísticas na perceção e regulação da morte ajudada, particularmente no Canadá. Argumenta-se que termos eufemísticos como “assistência médica na morte” e o seu acrónimo, “MAID” (medical assistance in death), servem para normalizar a prática, obscurecendo potencialmente a sua gravidade moral. Isto contrasta com o que se verifica na Bélgica e nos Países Baixos, onde são utilizados termos como “eutanásia”, bem como em França e no Reino Unido, onde a terminologia continua a ser polémica e contestada. Ao traçar a evolução destes termos e o que eles revelam sobre as diferentes abordagens culturais e jurídicas, este ensaio lança luz sobre a política da linguagem nos discursos sobre o fim da vida. Sugere que a mudança para uma linguagem eufemística reflete um desconforto mais amplo com a morte que pode moldar as atitudes públicas e os quadros jurídicos. Apela a uma abordagem mais transparente e filosoficamente fundamentada da terminologia e sugere que é necessário um debate contínuo sobre a semântica para captar as complexidades e o significado ético da morte ajudada.

Ver AQUI ou AQUI a tradução completa do artigo em formato PDF

Nota de tradutor: O verbo “to assist”, em inglês, pode traduzir-se por “assistir” mas tem, neste contexto, o sentido de “ajudar”. Daí que se pode considerar um falso cognato a frequente preferência, nos textos portugueses, pela expressão “morte assistida” ou “suicídio assistido”. Isso tem dado origem a alguma crítica (com laivos de hipocrisia) ao dizerem que assistir é ficar passivo, quando na verdade se trata de um uma ação de ajuda médica ao morrer. Contra a corrente dominante, traduzi sempre “assisted” por “ajudada” ou “ajudado”. RA

19 novembro 2024

Diretrizes sobre transplantes em morte circulatória

 
Transplantation Reviews, Vol. 38, Issue 1, January 2024, 100803

Diretrizes da Sociedade Britânica de Transplantação sobre ética, direito e consentimento em relação a dadores falecidos após morte circulatória
Greg Moorlock, Ellie Asgari, Chris Callaghan, Heather Draper, Peter Dupont, Patty Gilbert, David Nasralla, Peter Veitch, Chris Watson, Stephen O’Neill

Tradução do artigo

[...]

8. Discussão

 As alterações legislativas que introduziram sistemas de consentimento presumido para a doação de órgãos tornaram mais fácil registar o desejo de uma pessoa de se tornar ou não dador de órgãos: não fazer nada pode hoje em dia ser presumido como um sinal de vontade. O desejo geral de um doente de se tornar dador deve ser cuidadosamente considerado juntamente com os desejos do doente relativamente ao tratamento e às intervenções necessárias para se tornar dador. Uma vez que o doente estará inconsciente, as decisões devem ser tomadas em seu nome, tendo em conta o que se sabe sobre os seus desejos em relação à doação. Nesta diretriz atualizada, explicámos o papel do ‘benefício geral’ na verificação da atitude correta a tomar por um potencial dador de órgãos e situámo-lo no contexto das mais recentes alterações legislativas do Reino Unido. De particular importância, estabelecemos uma distinção fundamental entre ‘força da prova’ e ‘prova da força’. Esperamos que estas diretrizes harmonizem a prática e definam a direção para uma maior expansão das doações e transplantações de órgãos de pessoas após morte circulatória no Reino Unido e no resto do mundo.

A tradução completa em PDF pode ser descarregada DAQUI

15 novembro 2024

Efeméride – 15 de novembro de 1899

    Efeméride – 15 de novembro de 1899

O fim da monarquia no Brasil aconteceu há 135 anos

Na madrugada, Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant foram ao quartel para assumir a liderança do contingente rebelde. [...] Poucas horas depois, já no dia 15 de novembro, os militares proclamaram a República e nomearam um governo provisório. [...] O primeiro governo republicano era formado por militares, mas também incluía lideranças republicanas civis, como Rui Barbosa, Quintino Bocaiúva e Aristides Lobo. D. Pedro II foi obrigado a deixar o país e exilou-se na Europa. [História do Brasil Império, Miriam Dolhnikoff. Editora Contexto, 2017, p. 170].

Rui Barbosa
1849-1923, orador
Advogado, jornalista, político e propagandista de ideias liberais: campanha abolicionista; campanha em favor do sufrágio direto e da liberdade dos cultos [...] Exilado durante a ditadura do marechal Floriano (1893-95) [...]. Voltando ao Brasil, foi eleito senador [...] Conquistou lugar distintíssimo na história da literatura em língua portuguesa, não apenas pela sua invulgar cultura, como pelo domínio de um potencial léxico fora do comum. [Dicionário de literatura: literatura portuguesa, literatura brasileira, literatura galega, estilística literária, vol. 1, Jacinto Prado Coelho (dir.), Antônio Soares Amora. Livraria Figueirinhas, 3.ª ed., 1978, p. 87]