A falácia da rampa escorregadia ocorre quando alguém afirma, sem apresentar qualquer prova que sustente essa afirmação, que um acontecimento, ou cadeia de acontecimentos, se seguirá à decisão de fazer algo com que não concorda. A falácia da rampa escorregadia é uma espécie de ‘petição de princípios’ [ou argumento circular – um tipo de falácia que consiste em justificar a conclusão que está a ser defendida usando a própria conclusão, com palavras um pouco diferentes]: o arguente assume que o acontecimento, ou cadeia de acontecimentos, vai ocorrer mas não mostra provas disso.
Esta falácia está habitualmente associada a
um argumentum in terrorem. Quanto mais horrível for o acontecimento, ou cadeia de acontecimentos,
descrito maior será a possibilidade de que essa falácia seja aceite por mentes
acríticas.
O argumento da rampa escorregadia é vulgar em política quando se combate
uma proposta de lei.
Por exemplo:
1. Aí estão eles! Os reguladores querem controlar as nossas vidas. Hoje,
são os cigarros. Amanhã, será o nosso direito a falar livremente? O nosso
direito a ler o que queremos? Onde vai isto parar? No final, os reguladores vão
controlar tudo. Não haverá mais liberdade. Por isso, vote NÃO à proposta xis.
Não os podemos hoje deixar regular o fumar pois eles voltarão amanhã e amanhã e
amanhã…
2. O antigo senador da Califórnia John Briggs argumentou assim a propósito de uma
iniciativa legislativa que proibiria os homossexuais de ensinarem nas escolas
públicas do Estado: “Se a iniciativa for derrotada, então todos esses
[homossexuais] serão convidados a sair do armário e a assumirem-se, portanto o
que fizemos foi colocar perante os nossos filhos modelos legitimados para serem
imitados. E eu acho que isso apenas pressagia um período de decadência moral
neste país, o qual vai levar à concretização da profecia do general MacArthur
quando afirmou que nenhuma civilização jamais sobreviveu quando caiu num
período de declínio económico e de decadência moral. Certamente estamos em
ambos esses períodos agora… O impulso do movimento de liberação gay é fazer com
que os homens rejeitem as mulheres preferindo outro homem e as mulheres
rejeitem os homens preferindo uma mulher. Bem, se prosseguirmos nisso até a sua
conclusão lógica, e como cada grupo deseja se multiplicar, iremos desaparecer
como país por muito tempo.”
Outros exemplos incluem o que os Democratas argumentam – os idosos serão abandonados se o Medicare for privatizado e os trabalhadores irão à falência na aposentação se puderem controlar seus próprios planos, pelo que a Segurança Social deve expandir-se e fazer investimentos em seu nome. E Sara Palin, como é sabido, opôs-se ao Obamacare porque isso levaria a fazer painéis da morte.