É, para mim, uma honra, uma responsabilidade e alguma emoção, estar hoje aqui
a dizer as primeiras palavras deste Congresso. Espero não desiludir quem a mim
atribuiu tal tarefa.
Hoje e amanhã, vamos ouvir falar de muitos e variados aspetos do SNS. Em
muitos casos, vamos falar de custos, sustentabilidade, financiamentos.
Pois, para foco desta minha intervenção, escolhi falar-vos de temas que
poucos ou nenhuns custos têm.
Quero falar de sonhos! Desculpem o atrevimento mas I HAVE A DREAM!
Ou melhor, NÓS TEMOS UM SONHO!
Que o SNS seja cada vez mais o lugar onde tanto utilizadores como
prestadores reconhecem nos outros direitos humanos básicos e o fazem com
naturalidade.
SIM, NÓS TEMOS UM SONHO!
CONFIDENCIALIDADE
Que o SNS seja, ou continue a ser, o lugar onde os cidadãos acreditam que
os seus dados pessoais, os seus dados de saúde, estão a salvo de usos
ilegítimos, por parte de companhias ou de empresas que apenas visam o lucro dos
seus acionistas. Ou da curiosidade dos “amigos” e menos amigos…
RESPEITO pela
DIGNIDADE das PESSOAS
Que o SNS seja – ou que em certas das suas unidades de saúde passe a ser –
o lugar onde uma reclamação não seja considerada uma perda de tempo, seja
respondida com respeito pela dignidade das pessoas que, certa ou erradamente,
se sentiram de algum modo defraudadas nas suas expectativas. Respondidas a
tempo. Não respondidas ao lado…
PROFISSIONALISMO
Que seja, sempre, o lugar onde os seus profissionais se sintam motivados para
um desempenho que a si mesmos dê sentido de vida, prestígio social, motivação
pessoal, capacidade para enfrentar dificuldades e incompreensões.
QUALIDADE
Que o SNS seja, quando comparado com outras instituições prestadoras de
cuidados de saúde, do setor privado ou do setor social, uma referência de
excelência técnica.
Que isso não seja apenas verificado nos cuidados relativos a situações
críticas
mas se estenda ao mais banal dos atendimentos. (esta custa dinheiro)
SIM, NÓS TEMOS UM SONHO!
CONSENTIMENTO INFORMADO
VOLUNTÁRIO
Que no SNS o relacionamento com os doentes, assim como com as pessoas saudáveis,
se baseie sempre numa informação honesta, completa e adaptada à condição de
cada um, gradual se necessário, sem paternalismos nem condescendências, sem
mentiras ainda que piedosas, de tal modo que a adesão de cada um aos
tratamentos propostos ou a aceitação de medidas preventivas sejam a
consequência natural desse relacionamento.
Que no SNS o direito à recusa (ou a uma segunda opinião) não mais se
traduza em retaliações assistenciais mas sim num esforço suplementar no
explicar da informação.
SIM, NÓS TEMOS UM SONHO!
UNIVERSALIDADE
Que o SNS esteja sempre em prontidão para atender a todos segundo as suas
necessidades e não segundo as suas possibilidades.
BEM-VINDOS AO
PRIMEIRO CONGRESSO DO “SNS, PATRIMÓNIO DE TODOS!”